Fonte: Sul Noticias

Por Ramiro Aleixo

A estratégia dirigida pelo Presidente João Lourenço, na qualidade de Chefe do Executivo, em aliviar os apertos da tesouraria do seu Governo (argumento que não colhe se olharmos para a qualidade do que se gasta e a quantidade do que se arrecada) com a criação, implementação e elevação de impostos, dos custos de emolumentos, documentos e da prestação de serviços públicos, conduzem à cada dia a mais sufoco de quem vive do seu salário depreciado a cada hora. E é a maioria: que paga o que come, o transporte, o combustível, a assistência médica mas ainda assim, é forçada a viver no meio do lixo.

E faltando pouco mais de um ano para a realização de eleições, se o nível de consciência do cidadão estivesse distanciado das cores partidárias e assente na satisfação das suas necessidades, na melhoria da sua condição de vida, tudo isso ditaria a derrota de quem governa. Porque só um povo que não sabe o significado do seu voto, delega o seu poder à quem torna a sua

vida mais difícil a cada dia. Até porque, o que se cobra copiando impostos e taxas aplicadas em países de primeiro mundo, aqui não tem ainda reflexos visíveis no que é básico, porém fundamental: saúde, ensino, saneamento, água, energia, estradas, transportes, assistência social, empregabilidade.

Aliás, nesse domínio, este Governo até já destruiu mais postos de emprego do que aqueles que, até ao fim do seu mandato, será capaz de criar. Já levou à falência mais empresas, do que aquelas que nascerão ainda que beneficie de outro mandato.

A impressão que tenho é que quem dirige a governação está a ver mal o país real. E a insistência em seguir esse rumo que transmite insensibilidade, como se assistiu com o aumento de taxas aplicadas nos Serviços de Viação e Trânsito, leva-me a concluir que alguém precisa de mudar as lentes dos óculos (ou binóculos) com que, a partir do seu gabinete, vê o país. Não tem noção que esta população activa, que todos os dias sai de casa para a luta pela sobrevivência, não é nem tem qualquer semelhança com os marimbondos e caranguejos com quem se sentou à mesma mesa do banquete.

Nesses quatro anos empobreceu a classe média e no cinto do cidadão comum, também já não há mais furos para apertar. Os parcos rendimentos da maioria dos cidadãos que trabalham (imagine-se de quem perdeu ou nunca teve emprego) não são tipo cuecas do fardamento das Forças Armadas Angolanas, que basta um pingo de água e alargam de tal forma, que podem cobrir uma mbunda do tamanho de Angola. Vale quase nada! E essa estratégia que parece ter um “condão” de salvação económica, está a conduzir-nos ao empobrecimento, a mendicidade, a desestruturação e instabilidade das famílias, a um passo do abismo e da revolta social.

 

O que tem sido o comportamento de quem governa, é semelhante ao de quem nos vê como culpados da crise financeira, que resulta sim dos efeitos da volatilidade do preço do petróleo mas, principalmente, de uma gestão ruinosa dirigida por quem agora tem um posicionamento igual, ou parecido, ao de quem caiu da lua numa cápsula e não sabe nem viu nada. E transfere a culpa para todos nós, que ainda assim, pagamos a factura das mordomias e abusos do luxo da acomodação de quem se tornou dono-disto-tudo.

Não está correcta essa postura e compete-nos mudar, não aceitar mais alinhar nesse jogo. Quem está no poder a quase meio século e substituiu o colono tido como mau, levou o país para um nível tão grande de descalabro que, daqui há 500 anos, os nossos descendentes estarão ainda a sentir os efeitos desses males com que castigaram este Povo e esta Nação, que até com números, será fácil demonstrar que, a começar pelas vítimas da intolerância, passando pela miséria e endemias resultantes dessa má gestão do erário, em matéria de mortes tornou o colono pequenino.

E, ainda assim, querem mais!?!… A acontecer (e pode acontecer sim), será porque este Povo está de tal forma doente e tão mal formatado, que perdeu a percepção da importância da vida e do que é morte; que a melhoria da sua condição de vida não é a migalha com que nos brindam de vez em quando, como se estivessem a fazer-nos um favor (grande esforço). Começa pelo respeito ao direito à dignidade. Votar para ficar igual ou pior, como tem acontecido, então o melhor é direccionar o voto para quem em vez de empregos, oferece mais morgues, cemitérios e serviços fúnebres livres de taxas.

Um povo que sabe o que quer, não elege partidos ou seus representantes para governar mal. E menos ainda, concede-lhes segundas oportunidades para continuar a não governar bem.

O voto é nosso. Quem tem o poder de fazer a mudança, somos nós. Quem paga a factura dos erros cometidos por quem governa e para se instalar, somos nós. Então, porque razão temos que continuar a confiar em quem nos faz sofrer?

 O novo modelo de “solidariedade” brindada com as cores partidárias e a oferta de um prato de comida, as vítimas da miséria de um dos países mais ricos do continente. Até pelas máscaras se percebe quem é a chefe.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *