A Polícia Nacional anunciou que está em curso um processo de averiguação para apurar eventuais irregularidades na actuação dos efectivos nos incidentes ocorridos no Largo da Teixeira, que resultaram na morte de uma vendedora.
Numa nota, a Polícia esclarece que, na sexta-feira, no Largo da Teixeira, Distrito Urbano da Maianga, efectivos dos serviços de fiscalização foram agredidos pela população, durante a contenção da venda desordenada naquela circunscrição, o que exigiu auxílio policial.
Após alguma resistência violenta por parte dos vendedores ambulantes, que se consubstanciou em agressões físicas, protagonizada por um elevado número de pessoas ainda não identificados, a Polícia teve de intervir.
Durante a abordagem policial, explica a nota, uma cidadã sentiu-se mal. Quando esta era socorrida pelas forças policiais, de forma inadvertida, registou-se uma vaga de violência da parte dos cidadãos contra os referidos efectivos da Ordem Pública, com arremesso de objectos contundentes.
“Perante tal situação de eminente grau de perigosidade à integridade física, os efectivos da Polícia efectuaram disparos de dispersão, dos quais um atingiu, de forma acidental e mortal, uma cidadã”, esclarece a nota.
Na sequência desse acontecimento, o referido largo, sito no bairro Cassequel do Buraco, viveu momentos de desordem e distúrbios, que resultaram na danificação de uma esquadra móvel da Policia, de oito viaturas particulares e das instalações do Gabinete dos Serviços de Fiscalização da zona. “A Polícia lamenta o sucedido e endereça à família enlutada os seus mais profundos sentimentos de pesar”, esclarece a nota do Comando Provincial de Luanda.
Vendedores voltam ao local
Apesar dos tumultos registados na sexta-feira, que culminaram com a morte de uma mulher e a destruição de serviços públicos e viaturas particulares, os vendedores voltaram a ocupar os passeios do Largo da Teixeira com a venda de diversos produtos.
Desde sábado, os vendedores, representados em grande número de mulheres, estenderam panos, sacos e papelões para improvisar bancadas nos passeios (estreitando a via) e à porta de inúmeras casas.
Ali perto do local onde as senhoras preferem vender, há um mercado, que fica praticamente às moscas. É o que diz Hélder Mateus, um dos fiscais do espaço de venda.
O fiscal explicou, ainda, que a morte a tiro da vendedora foi fruto do desentendimento entre os fiscais e agentes de uma esquadra móvel. “Demos ordens para as senhoras abandonarem a via e elas partiram para a briga”, lamentou.
Um dos moradores da zona, António Paulo, apelou à Administração Distrital a reforçar o diálogo com as zungueiras, sobretudo as que vendem nas pedonais, ruas, portas de residências e instituições públicas, por deixarem esses locais bastante sujos.
“Nada justifica o disparo contra qualquer cidadão, mas as vendedoras pretendiam maltratar os agentes em serviço, que, na tentativa de afugentá-las, infelizmente atingiram mortalmente uma jovem zungueira”, lamentou.
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