E faltando pouco mais de um ano para a realização de eleições, se o nível de consciência do cidadão estivesse distanciado das cores partidárias e assente na satisfação das suas necessidades, na melhoria da sua condição de vida, tudo isso ditaria a derrota de quem governa. Porque só um povo que não sabe o significado do seu voto, delega o seu poder à quem torna a sua
vida mais difícil a cada dia. Até porque, o que se cobra copiando impostos e taxas aplicadas em países de primeiro mundo, aqui não tem ainda reflexos visíveis no que é básico, porém fundamental: saúde, ensino, saneamento, água, energia, estradas, transportes, assistência social, empregabilidade.
Aliás, nesse domínio, este Governo até já destruiu mais postos de emprego do que aqueles que, até ao fim do seu mandato, será capaz de criar. Já levou à falência mais empresas, do que aquelas que nascerão ainda que beneficie de outro mandato.
A impressão que tenho é que quem dirige a governação está a ver mal o país real. E a insistência em seguir esse rumo que transmite insensibilidade, como se assistiu com o aumento de taxas aplicadas nos Serviços de Viação e Trânsito, leva-me a concluir que alguém precisa de mudar as lentes dos óculos (ou binóculos) com que, a partir do seu gabinete, vê o país. Não tem noção que esta população activa, que todos os dias sai de casa para a luta pela sobrevivência, não é nem tem qualquer semelhança com os marimbondos e caranguejos com quem se sentou à mesma mesa do banquete.
Nesses quatro anos empobreceu a classe média e no cinto do cidadão comum, também já não há mais furos para apertar. Os parcos rendimentos da maioria dos cidadãos que trabalham (imagine-se de quem perdeu ou nunca teve emprego) não são tipo cuecas do fardamento das Forças Armadas Angolanas, que basta um pingo de água e alargam de tal forma, que podem cobrir uma mbunda do tamanho de Angola. Vale quase nada! E essa estratégia que parece ter um “condão” de salvação económica, está a conduzir-nos ao empobrecimento, a mendicidade, a desestruturação e instabilidade das famílias, a um passo do abismo e da revolta social.
O que tem sido o comportamento de quem governa, é semelhante ao de quem nos vê como culpados da crise financeira, que resulta sim dos efeitos da volatilidade do preço do petróleo mas, principalmente, de uma gestão ruinosa dirigida por quem agora tem um posicionamento igual, ou parecido, ao de quem caiu da lua numa cápsula e não sabe nem viu nada. E transfere a culpa para todos nós, que ainda assim, pagamos a factura das mordomias e abusos do luxo da acomodação de quem se tornou dono-disto-tudo.