O Complexo Industrial de Fertilizantes de Soyo, província do Zaire cuja construção foi lançada a primeira pedra, esta terça-feira, 28 de Junho, produz 1,2 milhões de toneladas de ureia granulada por ano (3,5 mil toneladas por dia), depois de absorver investimentos de 2,2 mil milhões de dólares de um consórcio formado entre a Sonangol e o Grupo Apaia, sendo que o ministro dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás prevê um crescimento da indústria petroquímica (os fertilizantes são produzidos de derivados di petróleo) e do agronegócio, bem como o desenvolvimento industrial do Soyo, visando o bem-estar dos cidadãos, pelo que espera o cumprimento dos prazos.
Os promotores do projecto empresarial, implantado numa parcela de 152 hectares, com 30 áreas construída e sua conclusão está prevista para 2026. Contratam o financiamento do Afreximbank, no que o ministro dos Recursos Minerais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, considerou, no lançamento da primeira pedra, representar um negócio alinhado à estratégia institucional de crescimento e desenvolvimento económico.
De acordo com as declarações proferidas por Diamantino Azevedo, a obra iniciada corresponde às orientações do Presidente da República, João Lourenço, sobre a necessidade de reformas no sector dos hidrocarbonetos, para permitir a realização de investimentos ao longo da cadeia de valor representada no pelouro dos Recursos Minerais, Petróleos e Gás.
“O Executivo da República de Angola, no âmbito da sua estratégia da diversificação da economia nacional, tem vindo a efectuar reformas em vários domínios que visam a promoção de investimentos considerados essenciais para o crescimento económico e bem-estar das nossas populações”, frisou Diamantino Azevedo.
Os esforços empreendidos nesse sentido, prosseguiu o ministro, têm permitido melhorar “substancialmente” o ambiente de negócios e criar condições favoráveis que motivaram ao grupo Opaia e a Sonangol, em Outubro de 2019, a desencadear um conjunto de acções que vão levar a implementação da Fábrica de Fertilizantes do Soyo.
O ministro acrescentou que a aprovação da Lei de Gás, que permite a monetização do gás e atracção de investidores para actividade do gás associado e não associado à produção de petróleo, fazem parte das medidas orientadas pelo Presidente da República para dinamizar o sector.
“Estas medidas, devidamente implementadas, permitiram com que estivéssemos aqui hoje, a celebrar este importante acto e esta importante iniciativa empresarial privada angolana, um empreendimento que permitirá alcançar a auto-suficiência nacional, bem como para, nos próximos anos, exportar o excedente”, adiantou o responsável.
O ministro Diamantino Azevedo disse prever que o investimento feito propicie o crescimento da indústria petroquímica (os fertilizantes são produzidos de derivados di petróleo) e do agronegócio, bem como o desenvolvimento industrial do Soyo, visando o bem-estar dos cidadãos, pelo que espera o cumprimento dos prazos.
“Auguramos, com este investimento, o crescimento da indústria petroquímica e do agronegócio, bem como o desenvolvimento industrial deste município do Soyo, proporcionando mais postos de trabalho directos e indirectos, com impacto positivo na melhoria das condições de vida da comunidade local e dos angolanos, de uma maneira geral. Quero pedir ao grupo Opaia e à Sonangol para que cumpram tudo que foi dito aqui hoje e, no tempo previsto, tenhamos a nossa fábrica de fertilizantes pronta e a produzir”, acrescentou.
O governador do Zaire, Pedro Makita, considerou ser, aquele, como sendo um investimento de capital importância para a região e para Angola, sendo o segundo investimento de monta a arrancar, este ano, no Soyo, depois da evolução ocorrida em relação à Refinaria projectada para aquela localidade. “Todos estes investimentos vão trazer uma mais-valia, vão trazer o emprego e o bem-estar social para todos nós”, afirmou o governador provincial do Zaire.
No acto de lançamento da primeira pedra foram assinados acordos de parceria que dão corpo ao projecto, pelos presidentes dos conselhos de administração da Sonangol e do Grupo Opaia, Sebastião Gaspar Martins e Agostinho Kapaia, respectivamente.
Importância do uso da ureia na agricultura
A ureia, principal produção do futuro Complexo Industrial
de Fertilizantes do Soyo, é um composto químico na forma de cristais brancos
que possui maior conteúdo de nitrogénio, 46 por cento solúvel em água, de
acordo com informação disponibilizada pelos investidores.
Com a sua utilização, os nitratos não se acumulam na cultura, permitindo um crescimento rápido da massa vegetativa, aumento do rendimento das culturas e do teor de proteína nos grãos de cereais, sendo um fertilizante amigo do ambiente que não acidifica o solo, refere a nota.
Números oficiais indicam que Angola utiliza quantidades de fertilizantes inferiores às recomendadas, empregando, em média, sete quilos por hectare, ao invés de 40 quilos, o que se deve à falta de componente para a produção dessa matéria de adubo.
No início da Campanha Agrícola 2021-2022, em vias de terminar, o Governo ordenou a compra de 55 mil toneladas de fertilizantes do tipo NPK-12-24-12, sulfato de amónio e ureia, empregando 17 mil milhões de kwanzas.
Segundo os dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), os agricultores em Angola estariam a consumir 300 mil toneladas de fertilizantes antes do final do século XX, muito acima da média de 50 mil toneladas dos últimos anos.
Quando, no início de Junho, o Presidente da República antecipou o anúncio da inauguração desta unidade de produção, o líder da Federação das Cooperativas Agro-pecuárias, Manuel Monteiro, foi citado pela imprensa a afirmar que, naquela altura, os preços dos fertilizantes tinham saído, em Angola, de 300 para 1.200 dólares por tonelada, o que considerou representar complicações para as campanhas.
Sonangol
garante fornecimento de gás
O presidente do Conselho de Administração da Sonangol, Sebastião Gaspar
Martins, afirmou que, na associação ao Grupo Opaia para a construção do
Complexo Industrail de Fertilizantes do Soyo, a companhia foi influenciada pela
ligação do projecto ao plano estratégico de monetização do gás natural.
Nessa perspectiva, anunciou Sebastião Gaspar Martins, a Sonangol vai garantir, com base num contrato assinado com o Grupo Opaia, o fornecimento de 76 milhões de pés cúbicos de gás por dia ao futuro complexo industrial de fertilizantes do Soyo, para o que conta com a conclusão da segunda fase do projecto “Falcão”, em construção no Soyo,
“No âmbito da estratégia de monetização do gás natural, a Sonangol celebrou em 2019, um contrato com a Opaia para fornecer à futura fábrica de fertilizantes, cerca de 76 milhões de pés cúbicos de gás por dia, que resultará numa produção de 1,2 milhões de toneladas de ureia granulada por ano”, indicou o responsável.
O presidente do Conselho de Administração do Grupo Opaia, Agostinho Kapaia, realçou a importância do investimento por a evolução geopolítica recente estar a demonstrar que, aos países, não basta ser auto-suficientes na produção de alimentos, devendo sê-lo, também, na independência em meios de produção.
“Angola é um dos países com maior crescimento populacional do mundo, onde se coloca a necessidade de suprimentos alimentares. A instabilidade no Leste da Europa, veio demonstrar que não basta ser-se auto-suficiente na produção alimentar, mas, também, é preciso ser independente no que se refere aos meios de produção”, frisou.
Agostinho Kapaia também destacou a oportunidade do negócio em curso, tanto pelos benefícios esperados pelos investidores, quanto para a comunidade local, pelo facto de a iniciativa gerar 4.700 empregos, sendo 3.500 na fase de construção e 1.500 na fase de operação.
A agricultura, apontou, vai ser o principal sector a beneficiar de fertilizantes a serem produzidos no Soyo, na medida em que, a fábrica vai fornecer com regularidade, 500 mil toneladas de ureia granulada para o mercado nacional.
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