Fonte: Club-k.net
Luanda – O Jornalista da Rádio Luanda (do grupo RNA), Israel Campos, foi recentemente suspenso, por tempo indeterminado, por ter lido no passado dia 21 de Abril, uma crônica do escritor angolano Mwene Vunongue, quando fazia abertura abria o programa radiofônico “Viva a Noite”.
No dia seguinte, a chefe de produção da Rádio Luanda, Delfina Feliciano determinou, através de uma nota interna, que doravante o jornalista Israel Campos, passa apenas a fazer trabalhos de reportagens, ficando de fora das apresentações dos programas “Viva a Noite” e “Kialumingo”. A equipa deste último programa foi reforçada com a presença da jornalista Erica Fernandes.
A crônica de Mwene Vunongue, residente na província da Huíla, aborda de forma irônica sobre as últimas chuvas na capital do país, Luanda. A mesma tem como título “E lá por Luanda?” cuja a integra o Club-K reproduz.
E lá por Luanda?
As finúrias das nossas desgraças, o betão repelente na ilusão das nossas verdades. Sobre verdades, as chuvas nos trazem as realidades… preparam as nossas mortes no silêncio dos políticos com a preocupação no combate às liberdades… há espaço para a serenidade? Quantas vidas se foram? Quantas serão as nossas lágrimas? Quantos pobres mais terão de morrer… e aquele betão da ilusão?
Luanda, a capital do país. A província das prioridades que prejudica as 17… Como estamos em termos de qualquer coisa? A incompetência diante de um presidente comandante-em-chefe. Não tens vergonha? Oh chuva! Quem te mandou? Como ousas desafiar uma província com tantos generais neste país? Com tantos ministros… não estarás por acaso a subverter a razão de um status quo actuado no modus faciendi do habitué da incompetência?
Oh chuva… quem escolheu os mortos? Tu ou a incompetência daquele executivo surdo com prioridades nos luxos das ilusões com os batedores debaixo de ti? venerando aquele que todos temem… e aquela toda arrogância não consegue te parar, oh chuva?
Oh Chuva… quantas vezes mais terás de cair para fazer entender que só estás a trabalhar? A única coisa que sabes fazer… cair… oh chuva… quando saberemos discernir as nossas lágrimas de ti sobre os nossos rostos? Morreremos sob o olhar de fininho dos que nos deviam proteger… oh chuva! Sua maldosa… não bastava cair? Tens que vir com a tua incompetência e matar pessoas…? Oh chuva… põe-te calma e deixa trabalhar aqueles que não te dão ouvidos… ou não te dão olhos.”