Fonte: Sul Noticias

A sede municipal da Ganda, província de Benguela, celebrou 52 anos, desde que ascendeu a categoria de cidade em 1969. A localidade, que em 1923 se denominava vila Mariano Machado, está apostada em recuperar o potencial agro-industrial.

O administrador municipal, Francisco Prata, que exortou os empresários a investirem na região, frisou que a ideia é fazer da Ganda um local estratégico na produção agrícola da província de Benguela, de onde deverão sair produtos que serão exportados para a Europa, Ásia e América, através do Porto do Lobito, e para os países da SADC, através do Caminho-de-Ferro de Benguela (CFB). 


No passado, o município da Ganda teve várias fábricas, como as de bebidas espirituosas e produção de celulose, na comuna da Babaera, de beneficiação do café (torragem e empacotamento) e de tijolo, na sede do município, e de telha, na missão do Dunde.

Havia, igualmente, uma fazenda de plantação de sisal, indústrias de transformação de frutas, de cereais (milho, massambala e sorgo) e de carnes. “Estas infra-estruturas que clamam por revitalização, é preciso estimular os empresários a investir no interior do país”, sublinhou o administrador.


PIIM, A LUZ DA ESPERANÇA

Na Ganda estão em curso várias obras sociais no âmbito do Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), como a terraplanagem da Serra do Ngangawe  e dos 32 quilómetros de estrada que liga a sede da comuna da Chikuma à povoação da Kapala. Este é um importante troço para o escoamento da produção agrícola e uma placa giratória que encurta distância entre as províncias de Benguela, Huambo e Huila. Os trabalhos de limpeza e terraplanagem dos 14 quilómetros de Kapala a localidade de Cassipera. Na Serra do Ngangawe, depois dos trabalhos na cordilheira e ampliação da estrada, decorre a bom ritmo a compactação do terreno. As obras de terraplanagem retomaram o seu ritmo normal, após o término das chuvas que obrigaram a uma desaceleração dos trabalhos.

A Administração tem apelado aos empreiteiros mais rigor e qualidade nas obras para responder os anseios da população na livre circulação, evitando determinados constrangimentos.

O administrador municipal assegura que têm feito um acompanhamento rigoroso  das obras do PIIM. “Existe vontade e compromisso do Executivo em realizar mais investimentos destinados a proporcionar equipamentos sociais de qualidade aos munícipes, mas infelizmente continuam a existir empresas contratadas que insistem em não cumprir os prazos de execução estipulados”, lamentou.

ÁREA DISPONÍVEL E RIOS  EXISTENTES

O município da Ganda possui 266.624 hectares para a agro-pecuária. Desta área, apenas 46 por cento estão a ser explorados com a agricultura e 32 por cento com a pecuária. A vegetação é constituída por floresta aberta, savana com arbustos e formações de mata densa e seca.

Ganda possui vários rios, como Bonga, Dongoroca, Bungue, Indongo, Capaca, Calondende, Cangum, Cahanda, Chimboa, Cambembua, Cuiva, Chimbumba, Chicole, Capema, Calossanji, Sondo, Calieco, Catanda, Chicuta, Mbumbua, Katengue, Ndumbo, Capango, Cassanga, Castro, Cakolongo, Canerela, Sita, Tenda Moco, Nhingangã, Tchisseia, Kusselim e Kuvombwa. A maioria das nascentes destes rios situa-se em encostas de montanhas mais ou menos escarpadas.

Os solos são predominantes ferralíticos, argilosos e argilosos arenosos, sendo luminosos e muito férteis. Os solos ferralíticos são, regra geral, de textura fina, friáveis e fracamente estruturados no horizonte superficial por influência de matéria orgânica. São predominantemente alaranjados e pardos na camada superficial, variando no subsolo de acordo com a situação topográfica. As características morfológicas e o valor agrícola dos solos tornam esta zona favorável a uma utilização agrícola generalizada.

Desde 2020/21 o território foi bastante fustigado pelo fenómeno estiagem, que empobreceu milhares de famílias campesinas que por falta de investimento em valas e mini-hídricas e respectivas valas de irrigação está a viver um dos piores momentos.

A ORIGEM DO NOME


O nome Ganda (Nganda em língua umbundo) é o nome dado a duas grandes pedras denominadas Nganda Lakawe, que tiveram um grande significado para os primeiros povos que habitaram a região. Os ascendentes de Nganda são naturais de Ngola-Luanda que, saindo das suas terras, se fixaram durante algum tempo na região hoje ocupada pelos bailundos.


Uma parte desse povo não gostou da terra por não ter bons pastos e decidiram fundar a Embala do Huambo, sob comando do soba Huambo Kalunga. Outro grupo funda a Libatas, mais a Sul, num local que se distinguia por possuir duas grandes pedras, a que chamaram de Nganda Lakawe.


Entre 1906 e 1908, os portugueses chegaram a esta região e, na altura, perguntaram aos povos que ali encontraram como se denominavam, tendo estes respondido que se chama Nganda. Assim foi dado o nome Nganda registado e oficializado com a chegada dos portugueses à região da Chikuma. O município da Ganda está situado a 210 quilómetros a leste da cidade de Benguela e possui uma superfície de 4.817 km². A divisão territorial compreende a sede municipal e as comunas de Ebanga, Babaera, Casseque e Chikuma.

A altitude varia entre os 1.200 e os 1.600 metros acima do nível do mar. A Norte é limitado pelo município do Balombo; a Leste pelo município do Tchindjendje (província do Huambo), a Sul pelos municípios de Caluquembe e Caconda (Huíla) e a Oeste pelo Cubal.


CULTURA

Apostar na promoção das indústrias criativas e culturais, que têm uma forte componente de valor combinadas com o turismo cultural e da natureza, podem ser elementos importantes na consolidação da imagem interna desta região.

A cultura tem externalidades elevadas, vale não só por si, mas também pelos efeitos que tem em múltiplas áreas da economia, da educação, da inovação, da integração social e das plataformas de cooperação que abre para o mundo.

As danças folclóricas representam um conjunto de danças sociais, peculiares de cada região na província de Benguela, oriundas de antigos rituais mágicos e religiosos. As danças folclóricas possuem diversas funções como a comemoração de datas religiosas, homenagens, agradecimentos, saudações às forças espirituais entre outras.

As danças consideradas folclóricas, conceito discutível e para muitos académicos pejorativo, em virtude de estabelecer uma linha divisória entre o que é moderno (e oficializado) e o que é popular (no sentido de antiquado), representam na verdade uma forma de expressão e conexão espiritual de muitas sociedades africanas com os seus antepassados, com a natureza e com a projecção do universo.

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