A trajectória de crescimento iniciada em Angola, em 2021, vai manter-se a médio prazo, segundo projecções do representante residente do Fundo Monetário Internacional (FMI), que prevê que, no auge desse ciclo, em 2025, a expansão do Produto Interno Bruto (PIB) angolano se situe em 4,0 por cento.

O representante residente do FMI, Marco Souto, mostra como o crescimento iniciado em 2021 vai manter-se nos próximos anos, que depois do crescimento de 0,7 por cento registado em 2021, as previsões do Fundo Monetário Internacional, apontam para uma expansão do PIB de 3,7 por cento, este ano, 3,3, em 2023, 3,8, em 2024, e 4,0 por cento, em 2025, anunciou, no programa “Directo ao Ponto” transmitido pela TV Zimbo aos sábados.

Em 2021, destacou, o crescimento, salientando que foi influenciado pelo desempenho observado nos  sectores das Pescas, Extracção e Refinação de Petróleo, Intermediação Financeira, principalmente no quarto trimestre, contrariando as estimativas de instituições internacionais como o Banco Mundial e o FMI, bem como das agências de notação de risco e do próprio Governo: sabia-se que haveria uma recuperação, mais próxima de zero, notou o responsável.

Após um ano como o de 2020, que considerou “muito desafiante” para a economia nacional, sobretudo devido ao impacto das restrições adoptadas para conter os efeitos da pandemia da Covid-19, em 2021, o crescimento ficou a dever-se às reformas aplicadas ao longo dos três anos do programa conjunto do Governo e do FMI, concluído em Dezembro último.

Apesar de o petróleo ter influenciado a recuperação em 2021, o sector não petrolífero passa a ter o papel mais preponderante ao longo do ciclo de crescimento que vai até 2025, de acordo com as projecções do FMI.

Em 2022, enquanto a economia não petrolífera cresce 3,4 por cento, a petrolífera fá-lo em 1,6 por cento, mas, prevê-se que, de 2023 em diante, o sector do Petróleo registe níveis de crescimento nulos, contra as acelerações de 4,7 por cento, nesse ano, 5,0 por cento, em 2024, e a mesma percentagem em 2025.

Marco Souto sublinhou que para explicar a evolução do sector Petrolífero, que a expectativa é a de que “a produção seja estabilizada trazendo um crescimento nulo, mais sustentável  e constante ao longo desse período”, sendo “importante que sejam tomadas medidas para garantir uma produção equilibrada e sustentada ao longo do médio e longo prazo”.


Representante residente do FMI, Marco Souto

 Inflação em queda

A projecção de inflação do FMI é de 18 por cento, a mesma que a previsão do Governo, com o indicador a cair de um pico de 40 por cento, em 2017, e de 27 por cento, em 2021, numa evolução que o representante residente atribui à política monetária restritiva adoptada pelo Banco Nacional de Angola (BNA) e à valorização do kwanza diante do dólar.

Marcos Souto afirmou igualmente que para explicar o curso da inflação, que, depois de 2017, a inflação esteve a cair de forma consistente, até ao surgimento da pandemia da Covid-19, em 2020, quando emergiram “dificuldades e desafios associados aos preços globais dos alimentos”, algo que “tem um impacto grande para a inflação angolana”.

Mesmo os bens produzidos no país, utilizam uma percentagem assinalável de insumos importados, notou o responsável, concluindo que “os produtos  que vêm de fora têm impacto sobre a inflação”.

De acordo com o responsável, o BNA tem vindo a aplicar uma política monetária restritiva para tentar conter a inflação do lado da procura, restringindo a base monetária M2, que inclui o dinheiro em circulação, para evitar pressões inflacionistas no mercado interno, as que vem pelo lado da procura.

Agora, com a valorização do kwanza face ao dólar, a economia vai perceber algum efeito com o arrefecimento dos preços, com as expectativas a situarem a inflação, “talvez  em torno de 18 por cento  ao ano”, anunciou o representante residente do FMI.

Fonte: JA

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