O Secretário para os assuntos políticos e eleitorais do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) na província do Cwanza Sul, Morais António, acusou nesta quinta-feira, 09, os Sacerdotes de estarem a usar a Rádio Eclésia para se intrometerem em assuntos políticos, tendo afirmado que foi por causa desta “confusão” que a emissora católica de angola chegou a ser encerrada.

Aquele responsável político fez tais acusações quando intervinha numa mesa redonda, organizada pela Juventude Estudante Católica de Angola (JECA) em parceria com o Mosaiko- instituto para a cidadania, na cidade do Sumbe.

“Alguns sacerdotes usam a Rádio Eclésia para confundir outros membros da sociedade nos conceitos sociais sobre cada momento”, disse, acrescentando que as mudanças sociais que ocorrem devem ser discutidos e construir a sociedade.

Morais António evocou ainda a laicidade do Estado angolano, apoiando-se no artigo 10 da Constituição da República. “Essa laicidade significa dizer que o que é da igreja é da igreja, o que do governo, é do governo. Deixem as igrejas pregarem a fé para que os espíritos vão para o céu e deixem o Estado governar a terra, que é a separação”, disse, acrescentando que foi essa “confusão” que fez com que a Rádio Eclésia tivesse sido fechada.

Na reação, o Prefeito do Seminário Maior de Teologia, padre Cisánio da Costa, repudia a posição do político, dizendo que “o digníssimo Morais António não está a falar da Igreja, aquela que é projecto de Cristo, deve estar a falar de uma outra igreja. Mas aquele que Cristo fundou no evangelho de São Mateus, na cruz não é essa a igreja que só fala em levar as almas para os céus e se esquecer aquele da vida material…”.

O religioso acrescentou que o Secretário Político para os assuntos eleitorais do MPLA deve ter pouco contacto com documentos sobre o papel da Igreja na sociedade, tendo aconselhado o político a “ler mais a natureza da Igreja”.

O padre Católico disse ainda que a leitura dos documentos da igreja ajudaria o responsável para os assuntos políticos do MPLA a compreender melhor sobre a natureza da igreja.

Sobre o Estado laico evocado por Morais António, com apoio ao artigo 10 da Constituição da República, o padre Cisánio da Costa rebateu dizendo que a laicidade do Estado a que se refere o artigo 10º da Constituição da República “quer dizer que o Estado não assume uma determinada religião como religião do Estado”, e não que a igreja não tenha deve ter intervenção na política, sublinhando que as interpretações contrárias às intenções do legislador estão a levar aos campos dos extremos.

Fonte: Correio da Kianda

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