A inoperactividade do Centro de Apoio à Pesca Artesanal (CAPA), na comuna do Egipto Praia, município do Lobito, na província de Benguela, está a inquietar a comunidade daquela região, que clama pela intervenção das autoridades, sob o receio de que o mesmo venha transformar-se num “elefante branco”, nome que se dá aos empreendimentos com potencial muito grande, mas subaproveitados.

O Centro de Apoio à Pesca Artesanal (CAPA) foi erguido no âmbito do Programa de Investimento Público, no quadro das acções do Governo de combate à fome e à pobreza, tendo sido inaugurada há dois anos para apoiar todos os pescadores da costa Norte do Lobito.

Construído num espaço de 1.242 metros quadrados e orçado em dois milhões e quatrocentos e oitenta mil dólares norte-americanos (USD 2.480 .000), integra múltiplos serviços e instalações, como uma ponte cais, uma bomba de combustível contentorizada, bem como uma sala de processamento, tratamento e conservação do pescado, além de tarimba (estrutura de madeira e rede usada para a secagem do peixe).

O CAPA foi projectado para, numa primeira fase, a criação de cerca de 100 postos de emprego directo. Está equipado com um sistema de tratamento de águas residuais para a protecção do ambiente, com a capacidade de armazenamento de cinco toneladas/dia e um tanque de combustível com a capacidade de 25 mil litros de gasolina e 15 mil de gasóleo.

No local, foi ainda construído um túnel de congelação com a capacidade de 10 toneladas, uma câmara frigorífica para sete toneladas, para além de aguardar pela instalação de dois geradores de 100 Kv cada e dois painéis solares de 250 Kv cada, ainda no decurso deste ano ou princípio do primeiro trimestre de 2023.

No entanto, continua com as portas fechadas, sem previsão de abertura, de facto, para os pescadores e armadores, o que gera especulações no seio da comunidade, para intervenção de quem de direito.

Para além de Benguela, as províncias do Zaire, Bengo e Cuanza-Sul dispõem de um Centro de Apoio à Pesca Artesanal. Dados obtidos confirmam ser o CAPA do Egipto Praia (Benguela) o mais bem equipado, com serviços e estruturas de ponta. Todavia e por razões desconhecidas, é o único que não está a desempenhar o papel para o qual foi construído.

Malaquias Garoupa, armador de 64 anos, reconhece o interesse do Governo em ver melhorada a situação dos pescadores e armadores na localidade do Egipto Praia.

“É um empreendimento que custou muito dinheiro às contas do Estado. Estamos ansiosos em saber os motivos da sua inoperacionalidade da unidade de apoio”, sublinhou.

No mesmo diapasão, alinha o armador Alfredo Mango, 45 anos, 27 dos quais de labuta no mar.

Na óptica deste, enquanto o CAPA continuar a não se fazer valer, o governo provincial, em consonância com o Ministério de tutela, deve apoiar as cooperativas pesqueiras da região com, pelo menos, cinco barcos semi-industriais e dois industriais para fazer face às actividades no alto-mar.

“Ainda que nos brindaram com 20 barcaças (chatas) a motor, a comunidade agradece”, sugeriu.

Os armadores e pescadores artesanais do Egipto Praia pedem também por subvenção aos preços dos combustíveis e para a aquisição de meios como redes, anzóis e chumbos, indispensáveis para desenvolver os trabalhos, num raio de, pelo menos, 15 milhas náuticas.

O Jornal de Angola apurou, no local, que nem tudo vai mal. Para além dos equipamentos (top de gama), o CAPA dispõe de uma lancha rápida, com a capacidade de alcance a uma extensão de 20 milhas náuticas para o patrulhamento e cinco barcos a motor. 

Governo garante funcionalidade do CAPA

 No entanto, a tese não é partilhada pelos responsáveis do ramo das pescas na província, garantindo que os trabalhos naquele centro podem arrancar, o mais tardar, a partir de meados de Janeiro de 2023, a julgar pelos resultados nas testagens realizadas no local.

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